domingo, 9 de maio de 2010

Caso Clínico - Bipolaridade

A Sr.ª A, uma professora solteira com 30 anos de idade, foi arrastada pelos pais ao hospital, cada um deles puxando por seu braço. Quando o médico entra na sala de consulta, a doente anda sem parar, cantando alto. Ao ser apresentada ao médico, a Sr.ª A repara na gravata verde que este traz e assume que este se chama Dr. Green. Ela consola-o por ter olhos mais acastanhados do que esverdeados, assegurando-lhe que o médico pode mudar a cor dos olhos, se o desejar com força suficiente. A atenção dela transfere-se imediatamente para outra coisa, e a Sr.ª A pronuncia-se sobre oito assuntos diferentes durante os primeiros dois minutos da consulta. Embora à primeira vista se mostre amistosa e atrevida, oferecendo-se ao médico para lhe mostrar uma contusão ao cimo da coxa, logo que o médico sugere a sua hospitalização enfurece-se, ameaçando agredi-lo. Afirma aos gritos que os pais o subornam para que a encarcere no hospital, de forma a receberem a sua indemnização por incapacidade. Ameaça, vociferando, que tem amigos na Máfia, a quem ordenará que eliminem os pais e o médico. Este episódio passou-se subtilmente à dez dias, pouco depois de a Sr.ª A ter rompido com o namorado. Desde essa altura passou a dormir apenas algumas horas por noite, perdeu cerca de quatro quilos, encomendou livros escolares no valor de milhares de dólares para os seus alunos e tem feito dúzias de telefonemas interurbanos. A doente tem ouvido vozes masculinas e femininas, que a aconselham a matar-se e que persistentemente a insultam, chamando-lhe nomes. Ela está convencida que as vozes são inspiradas pelos seus pais, mas afirma não saber como eles as conseguem transmitir. Também se convenceu que os seus pensamentos podem influenciar o curso dos acontecimentos futuros e que os seus sonhos aparecem de forma dissimulada no jornal diário. Dois observadores discordam quanto à forma como se caracterizará melhor os pensamentos desordenados da Sr.ª A. Um deles descreve os seus pensamentos em torrente como uma fuga de ideias; O outro considera-os mais desarticulados e classifica-os como um padrão de descarrilamento. Ambos concordam que ela, por vezes, é bastante incoerente. A doente é filha única e foi sempre a menina querida dos olhos dos pais. Desde a primeira infância tem sido difícil agradar-lhe, é sujeita a frequentes acessos de raiva, globalmente amarga e extremamente ávida de possuir coisas (embora se aborreça logo que as adquire). Nunca se casou, embora o deseja-se fazer, e apesar da sua beleza e encanto. A Sr.ª A sente-se frequentemente vazia e irreal, desligada do estranho reflexo que vê ao espelho. Estes sentimentos são intermitentes e podem ser interrompidos pela procura de estímulos (por exemplo, álcool, drogas, música ruidosa…). Embora tenha tendência para se sentir pessimista, infeliz, chorosa, e suicida, estes sentimentos desvanecem-se prontamente, logo que encontra um novo conhecimento masculino. Não tem sintomas vegetativos de depressão, excepto durante os episódios agudos. Não obstante todas as suas dificuldades, a Sr.ª A tem sido uma trabalhadora estável, angaria o seu sustento, e é capaz de viver sozinha.

1 comentário:

  1. Vamos fazer uma correções:

    A pronuncia-se sobre oito assuntos diferentes durante os primeiros dois minutos da consulta.

    MANIA

    Afirma aos gritos que os pais o subornam para que a encarcere no hospital, de forma a receberem a sua indemnização por incapacidade.

    ALTERAÇÃO DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO - DELÍRIO

    Desde essa altura passou a dormir apenas algumas horas por noite, perdeu cerca de quatro quilos, encomendou livros escolares no valor de milhares de dólares para os seus alunos e tem feito dúzias de telefonemas interurbanos.

    MANIA E T.CONTENÇAO DOS IMPULSOS (IMPULSIVIDADE)

    A doente tem ouvido vozes masculinas e femininas, que a aconselham a matar-se e que persistentemente a insultam, chamando-lhe nomes. Ela está convencida que as vozes são inspiradas pelos seus pais, mas afirma não saber como eles as conseguem transmitir.

    T. DA SENSOPERCEPÇÃO (ALUCINAÇÃO AUDITIVA)

    A sente-se frequentemente vazia e irreal, desligada do estranho reflexo que vê ao espelho. Estes sentimentos são intermitentes e podem ser interrompidos pela procura de estímulos (por exemplo, álcool, drogas, música ruidosa…).

    REBAIXAMENTO DO HUMOR (DEPRESSÃO ?) . DESPERSONALIZAÇÃO


    Embora tenha tendência para se sentir pessimista, infeliz, chorosa, e suicida, estes sentimentos desvanecem-se prontamente, logo que encontra um novo conhecimento masculino.

    OK, TAB.


    Agora.. tendo em vista as alterações de pensamento graves (delírio) prefiro diagnosticá-la como TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EMICIONALMENTE INSTÁVEL DO TIPO BORDERLINE em vez de Transtorno do Afeto Bipolar.

    Se puderem dar um feedback no meu email será ótimo

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